Branca, Magra e Alta: o Padrão de Beleza Em Um Contexto Social e Histórico
“Eu sinto que as pessoas que deveriam estar falando sobre isso, e que podem fazer a diferença, não estão. As pessoas em níveis mais altos do que eu – os estilistas, stylists, os diretores de elenco – eles são os únicos com o poder de mudar isso. Eles dizem que se você tem um rosto negro na capa de uma revista ela não irá vender, mas não há nenhuma evidência real para isso. Como pudemos ver, modelos estão começando a falar sobre isso, inclusive as mais importantes como a supermodel Jourdan Dunn. Ao longo da história, os padrões de beleza foram mudando, mas como nos lembra a pesquisadora Rosita Esteves (2021) o que permaneceu na história foi a preocupação constante com a beleza e o corpo em evidência. Finalmente, quando há pessoas negras nesses times querendo promover mais diversidade, vem outras barreiras.
Usei coisas que nem me identificava porque era literalmente o que tinha”, lembra. Historicamente, a sociedade de cada período diferente exige uma silhueta diferente das mulheres, para que se encaixem nos padrões estabelecidos. O corpo feminino nunca esteve sob suas próprias regras, e a moda expõe essas noções de transformação do corpo ao longo das décadas.
Não sigo o padrão de beleza. Como se posicionar e mudar o entendimento da sociedade?
A menção à areia está diretamente ligada ao universo da praia, embora a palavra praia não seja mencionada em nenhum dos textos. Ao estudar o perfil dos frequentadores das praias do Rio de Janeiro, Farias (2002) atribuiu à praia caráter coletivo, num espaço que é aberto, público e gratuito. Talvez biquíni cintura alta por isso, nas páginas da Vogue, apenas a areia da praia receba menção, de maneira que cabe a cada leitora imaginar de que areia a revista está tratando. A maioria dos textos refere-se à piscina, esta sim, exclusiva e seleta, como deve ser o ambiente frequentado pela mulher da Vogue.
Como posso desenvolver uma maior autoestima em relação à minha aparência?
Os biquínis, em número de 38, no total dos 69 looks,têm calcinha pequena, em sua maioria. Já os maiôs aparecem em 25 fotos, e a maior parte deles apresenta recortes diferenciados, mostrando se tratarem de peças conceituais e não exatamente o traje apropriado para banho de sol ou mesmo para entrar na água. Portanto, entende-se que a mulher “emoldurada” por essas roupas é pertencente a um grupo socioeconômico distinto.
Embora o tipo físico esbelto ainda dominasse grande parte da indústria fashion no início do século 21, a ascensão das mídias sociais começou a mudar gradualmente a forma como as pessoas consomem e interagem com a moda. Blogs de estilo e plataformas digitais, como Instagram e Twitter, abriram as portas do mundo da moda para uma parcela cada vez maior de pessoas. O movimento body positive é uma corrente que busca promover a aceitação e a valorização de todos os corpos, independentemente de seu tamanho, formato ou características físicas.
As roupas, ambientações e textos podem, num primeiro momento, sugerir uma mulher independente e dona de si, mas, ao se analisar o perfil estético, percebe-se que ela se encontra presa à tríade beleza-juventude-saúde. Essa construção, afirma Del Priore (2004, p. 265), diz que “a mulher deve explicitar a beleza do corpo por sua juventude, sua juventude por sua saúde, sua saúde por sua beleza”. No final do século XIX, em 1892, surgiu nos Estados Unidos, a revista Vogue. A revista pode ser considerada o veículo de mídia impressa topo de cabeça cabelo humano de maior importância no segmento de moda, pois está presente em 21 países no mundo. Representante das classes mais abastadas, a revista Vogue reflete o estilo de vida da elite brasileira, fortemente associada à moda nacional, que ganhou notoriedade e relevância, a partir da década de 1990, em suas páginas (Elman, 2008). Os editoriais de moda1 encartados mensalmente nessa publicação são a expressão máxima do estilo e tendências de moda propostos pelos seus editores como adequados para o mês ou estação em voga.
Padrões de beleza: o que são e quais as suas consequências?
Além disso, de acordo com uma pesquisa realizada pela ISAPS, Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética, organização que compila dados de cirurgiões de 110 nações, 13,1% de todas as cirurgias plásticas realizadas no ano de 2019 foram no Brasil. Estima-se que 70 milhões de pessoas são afetadas por algum tipo de transtorno alimentar em todo o mundo. Geralmente, os distúrbios começam a se manifestar no final da infância e início da adolescência. Há ainda os riscos decorrentes de intervenções cirúrgicas desnecessárias, do uso de esteroides anabolizantes e da exposição prolongada ao sol ou à radiação do bronzeamento artificial. É muito provável que vamos nos sentir intimidados e até rejeitados pelas outras pessoas.
A análise do conteúdo visual, verbal e verbal-visual buscou identificar as concepções culturais sobre padrões de beleza e foi construída com base no inventário denotativo e estudos das Ciências Sociais. Assim, o corpo feminino é uma invenção humana, em que ideias, crenças, valores e conceitos a respeito da mulher têm uma relação direta com a construção dos padrões de beleza ideais sobre o corpo feminino (Strey, 2004). Não, a indústria da moda desempenha um papel significativo, mas existem muitos outros fatores, como a mídia, a cultura e as pressões sociais, que também influenciam os padrões de beleza. A indústria da moda exerce uma influência poderosa sobre os padrões de beleza em nossa sociedade. Seus ideais inatingíveis podem afetar negativamente a autoestima e a saúde mental das pessoas.
“Eu fico muito grata e emocionada, porque eu sempre quis mostrar que foi possível para mim e é para elas também! É uma honra poder ser esse empurrão, poder fazer com que elas questionem as coisas, reflitam e se libertem! “Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por disfunções do comportamento alimentar e da imagem corporal. As mais comuns são a Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa e o Transtorno de Compulsão Alimentar”, conta a nutricionista. Existem várias causas para o surgimento dos distúrbios, dos quais pode-se destacar outras comorbidades psiquiátricas, a cultura alimentar atual (que populariza diversas dietas restritivas) e a aceitação social pelo tamanho e formato do corpo.